Você costuma assistir filmes? Faz parte de seu cotidiano abrir um espaço em seu tempo para apreciar a chamada sétima arte?
Pois bem....eu não sei você, mas eu gosto muito de cinema. Como gestalt-terapeuta que sou, aprecio muito as diferentes formas de expressão da criatividade humana e sou frequentemente tocada pelas belas mensagens que alguns filmes me trazem e pelas profundas reflexões decorrentes dai.
Mas ai você pode estar se perguntando: que relação isso tem com psicoterapia de crianças ou com o trabalho do psicoterapeuta?
Acredito muito que a construção do psicoterapeuta não se dá somente nas salas de aula das graduações e pós graduações, nem tampouco somente fruto da soma dos cursos formais e psicoterapia pessoal ( embora eu ache esse tópico bem importante....falaremos disso em outro momento!)
Na verdade, creio que a construção do psicoterapeuta se dá ao longo de toda a sua vida profissional, em uma espécie de "educação continua" que engloba não só estudos formais, mas também os diversos "inputs" que a vida nos traz através de caminhos diversos, como a arte por exemplo.
Se formos então olhar para nossa formação sob essa ótica, o "olhar" para os filmes que assistimos não será mais o mesmo....
Claro que não estou dizendo que todo e qualquer filme produzirá vários "insights" e "sacadas" maravilhosas, rsrsrs. Porém, alguns nos dão a grande oportunidade de fazer relações com nossa visão de ser humano e de mundo e assim enriquecer nossa compreensão teórica e nossa atuação na clinica.
Dentre alguns filmes bem bacanas, vou destacar hoje uma animação do ano de 2013, chamada "The Croods", uma história linda e incrível de uma família que se reconfigura totalmente a partir do movimento de uma criança.
O filme destaca uma característica absolutamente fundamental do ser humano e presente em todas as crianças: a curiosidade, o desejo de conhecer o novo.
O desejo pelo novo e a vontade de saber é inerente e natural no ser humano. É a força que move o crescimento, que impulsiona a criança a cada vez mais se inserir no mundo, conhece-lo, apreende-lo e assimila-lo.
Em Gestalt Terapia entendemos esse movimento fluido e ininterrupto de assimilação do novo movido pela curiosidade como um estado pleno de saúde emocional, e suas interrupções são vistas como sinais de adoecimento das relações do ser humano no mundo.
No filme, fica clara a dificuldade do adulto com aquilo que é novo e desconhecido e como ele tenta subjugar a criança desde cedo com a ideia de que a curiosidade é algo que precisa ser contido e quiçá, eliminado, e ainda que qualquer tentativa de experimentação de algo diferente do estabelecido é potencialmente perigoso.
Dando um salto diretamente do filme que se passa no tempo das cavernas para nossa clinica com crianças nos dias de hoje, o que vemos? A mesma coisa!
A supressão da curiosidade e espontaneidade na infância, inibe o potencial criativo do ser, dificultando toda a sorte de resolução de problemas, desafios e adversidades ao longo de toda a vida.
Ou seja....é uma questão recorrente na clinica com crianças mas também na clinica com adultos....
Nascemos curiosos, espontâneos e criativos. Somos forçados a inibir todas essas habilidades. Ao mesmo tempo a vida nos cobra o tempo inteiro atitudes que as demandam....
Está armado o conflito e nós, psicoterapeutas, somos convidados a elucidá-lo e a criar condições de resgate, para as crianças (e para os adultos também...) resgatarem suas habilidades vitais primordiais.
E agora uma pergunta: a curiosidade natural das crianças ainda mora em você? Ou ela ficou esquecida e interditada em algum ponto do caminho? Conta aqui embaixo!
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