Ao brincar com a criança na sessão terapeutica, toda a atenção é pouca para que o psicoterapeuta não se desloque de seu papel.
Brincar com a criança não é tornar-se criança no espaço terapêutico. Brincar com a criança não é reagir como se fosse uma criança, ok?
É fundamental que o psicoterapeuta possa discriminar situações terapêuticas de situações cotidianas, evitando assim de se comportar da mesma forma que qualquer outro adulto presente na vida dessa criança ou lidar com ela como se fosse seu filho, sobrinho ou uma criança que ele acabou de encontrar na pracinha.
Sabemos que tentativas de resolução de situações dolorosas vividas na infância, reprodução de situações infantis cristalizadas e a busca de fechamento de situações inacabadas com os próprios pais, irmãos e professores, muitas vezes estão presentes e atuantes na escolha e na atuação profissional do psicoterapeuta, conforme podemos identificar na experiência de supervisão de gestalt-terapeutas para o trabalho psicoterapêutico com crianças, adolescentes e adultos.
A posição de “autoridade” do psicoterapeuta facilita a ocorrência desse tipo de situação, onde na maioria das vezes, ele encontra-se ignorante de sua implicação emocional na relação que estabelece com a criança e sua familia.
E é dessa forma que, muitas vezes, psicoterapeutas tentam reeditar suas experiências infantis, buscando soluções para essas situações na relação terapêutica, usando seus clientes para satisfação de suas próprias necessidades, conformando suas intervenções a serviço de seus ajustamentos evitativos e mantendo deliberadamente inibidas, características típicas da infância, vitais para o estabelecimento de uma relação nutritiva, tais como espontaneidade, imaginação, expressividade, curiosidade, flexibilidade e criatividade.
Todo cuidado é pouco!!!!!!!!!!!É importante que o psicoterapeuta esteja atento a tal questão e tenha disponibilidade para investir em um trabalho terapeutico pessoal de modo que não utilize inadvertidamente a relação que estabelece com seus clientes para resolução de suas questões!!
Assim, é preciso que fique entendido que brincar com a criança em psicoterapia é poder compartilhar da importância e da magia daquela linguagem sem perder de vista a tarefa terapêutica ou seja, mantendo-se fiel ao método fenomenologico e a fundamentação teorica das intervençoes técnicas realizadas.
Com algumas crianças, isso pode implicar no psicoterapeuta tendo que desempenhar impecavelmente determinados papéis, elaborados de forma minuciosa, e distribuídos de acordo com as necessidades das crianças.
Exemplos típicos são aqueles que contemplam a encenação de situações cotidianas das crianças com os adultos, tais como mãe / filho, professor/ aluno, e criança /médico, onde geralmente cabe ao psicoterapeuta o papel da criança, e à criança o papel do adulto em uma típica inversão de papéis, reveladora de muitos aspectos significativos da vida da criança.
Fica então para refletir: Em que medida conhecemos nossa "criança interna" e temos consciencia de nossas dificuldades? De que modo lidamos com a dupla tarefa que envolve mergulhar no ludico sem no entanto dar vazão as necessidades neuroticas da "nossa criança"?
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