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26 fevereiro 2011

Objetivos da GT com crianças e o papel do psicoterapeuta (1)


Façamos como as crianças: perguntas, perguntas e mais perguntas!!! Acreditem...é um excelente exercicio, principalmente quando nos convidam a olhar para o nosso fazer...

Nós sabemos o que estamos fazendo?

Temos clareza do que seria a tarefa terapeutica em GT e de como desempenhamos nosso papel de psicoterapeutas em consonancia com seus pressupostos?
Estamos cientes de nossos objetivos?
Seria o objetivo da GT com crianças atender a demanda de adultos que trazem uma determinada criança para que a transformemos em uma criança diferente?
Ou colaborar com as expectativas do contexto escolar no que concerne a um parâmetro de rendimento e comportamento estabelecido para todas as crianças?
Ou ainda aplacar a ansiedade dos responsáveis, da escola, de outros profissionais e da própria criança apontada por eles?
Ou de corroborar os diagnósticos da moda que coisificam a criança e medicalizam a espontaneidade?
Ou de descobrir os meandros sutis e inconscientes da gênese dos comportamentos apresentados pela criança para depois explicá-la e traduzi-la para o mundo?
Ou, finalmente, de ajustá-la, produzindo comportamentos adequados e aceitos em sua família e grupo social?
Seria o psicoterapeuta um cuidador oferecendo seu saber e suas soluções para aqueles que não o conseguem fazer de forma autônoma?
Seria o psicoterapeuta um prestador de serviços realizando algo para o cliente que ele mesmo não gostaria de fazer e que, portanto, resolveu terceirizar?.
Seria o psicoterapeuta um mestre, um oráculo, um ser superior que precisará acompanhar a pessoa por toda a vida?.
Ou ainda um modificador de comportamento, um “cirurgião plástico da alma”, que com suas técnicas manipulará e moldará as pessoas às demandas da sociedade de consumo?
Responder a cada uma das perguntas, nos obriga a refletir sobre nossa prática e verificar com cuidado a serviço do que estamos trabalhando, no que incide nossas intervenções e se elas acontecem efetivamente a favor do incremento da saude psicologica da criança e de seus responsaveis.
Alguém se arrisca???

2 comentários:

  1. Olá a todos,
    Acho muito interessante os questionamentos levantados, algumas destas que não se circunscrevem às crianças mas que fazem parte da demanda de boa parte dos pacientes ou que estão presentes nas várias possibilidades de atuação do psicólogo.
    Em primeiro lugar, a idéia que se repete no teu texto é o conceito de normal e patológico, bem exposto por Foucault, Deleuze, Guatarri.
    Obviamente, qualquer psicólogo concorda que nosso papel não é deslocar ninguém para o padrão de normalidade.
    Agora, me questiono quando a não inclusão no padrão de normalidade traz sofrimento ao cliente... Mal ou bem as pessoas vem à clínica na busca dessa normalidade. Como isso deve ser levado, trabalhado?

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  2. Ola Rafael

    Muito oportuno o seu questionamento!

    Na verdade, como você bem mesmo observou, creio que a maioria dos clientes vem a terapia para de alguma forma enquadrar-se em um padrão de normalidade...

    Porém, vamos entender que a genese da neurose é exatamente a tentativa de enquadrar-se em formas e regras que se chocam com as necessidades e formas de satisfação experimentadas por cada um.

    Em gestalt-terapia, falamos de uma "teoria paradoxal da mudança", onde o postulado básico é de que "mudamos na medida em que nos tornamos nós mesmos", ou seja, a "mudança" em psicoterapia se dá exatamente quando a pessoa abre mão de tentar se encaixar em padrões e assume e se responsabiliza pelas suas formas mais satisfatórias de estar no mundo.

    Isso implica num certo "luto" inicial que o cliente precisa fazer em relação a queixa que ele traz, uma vez que gradativamente ele vai percebendo que o sofrimento que ele experimenta ao tentar ser algo q não lhe serve é infinitamente maior que arriscar viver a partir daquilo que ele realmente experimenta e precisa.

    Uma relação terapeutica de aceitação, acolhimento e confirmação é o pano de fundo fundamental para a realização de intervenções frustradoras, que vão evidenciar as interrupções e formas de evitação do cliente e para propostas de experimentos, que nada mais são do que oportunidades, dentro de um contexto seguro, de arriscar novas formas de lidar com velhas coisas e, com isso, construir possibilidades diferentes de enfrentar as demandas de normalidade do mundo e dos outros.

    Na clinica com crianças, o trabalho mais arduo nesse sentido é sempre com os responsáveis que, muitas vezes, apresentam muita dificuldade para aceitar seus filhos com as caracteristicas que eles tem, do jeito que eles são.

    Vou continuar postando comentários que vão tocando nisso que acabei de mencionar, ok?

    Obrigada por sua participação! É bom constatar que não estou falando para as paredes...

    Abraço
    Luciana

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