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09 março 2011

Permissividade e respeito pelo tempo da criança em psicoterapia (1)




A questão da permissividade implica na real possibilidade da criança ser o centro de sua psicoterapia, escolhendo aquilo que quer fazer e os recursos que vai utilizar para isso, bem como a respeito da participação ou não do psicoterapeuta na atividade.

É preciso que ele fique bastante atento ao que realmente  é permitido  de forma a emitir mensagens claras para a criança e ter condições de honrar junto a ela aquilo que foi dito. A famosa frase - “Você tem uma hora para fazer tudo que você quiser nessa sala”- é um equívoco perigoso, pois se a criança agir literalmente, o que seria bastante natural,  ela poderá infrigir uma série de limites do espaço terapêutico e ainda argumentar com o psicoterapeuta: - “Você disse que eu podia fazer tudo que quisesse”!.

Assim, é importante lembrar que a permissividade de escolha em psicoterapia com crianças existe dentro das inúmeras opções oferecidas pelo espaço, mas não de forma ilimitada.Sobre isso, Axline (1984) comenta:

“Infelizmente, muitas crianças já tiveram a experiência de tendo-lhes sido dito que podiam escolher, descobrir que, a menos que sua escolha coincidisse com a dos adultos, ela seria nula e vazia. Como resultado de vários tipos de experiência diferentes, as crianças a princípio mantém-se receosas das conseqüências da permissividade na sessão de terapia”(p.129)

Desde a sessão inicial, o terapeuta torna claro à criança que respeita sua capacidade de tomar suas próprias decisões e escolhas e mantém firmemente esse princípio, ainda que a escolha dela seja de não fazer nada ou dormir  ou ler um livro durante a sessão, por ex.

Acreditamos na sabedoria organísmica da criança e nas formas encontradas por ela de expressar-se e relacionar-se conosco.

O respeito a tais decisões é fundamental para que ela sinta-se aceita do jeito que é no momento e para que, gradativamente, possa assumir a responsabilidade de escolher entre continuar dessa forma ou estabelecer mudanças em sua vida.

O psicoterapeuta não deve tentar apressar a terapia, pois o tempo é da criança e não dos seus responsáveis, da escola ou do próprio psicoterapeuta com o objetivo de “mostrar serviço”. É um processo gradativo e assim deve ser reconhecido por ele.

Quando a criança estiver pronta para exprimir seus sentimentos em sua presença ela o fará. Não se pode forçá-la a fazê-lo às pressas, porque os pais assim esperam ou a escola assim exige.

Um dos desafios do manejo clínico em psicoterapia com crianças é exatamente lidar com as expectativas oriundas do campo, que incidem sobre a psicoterapia, sobre a relação terapêutica e sobre o trabalho do psicoterapeuta.

Pode ser muito fácil, particularmente para o profissional iniciante, sucumbir frente às expectativas e exigências dos responsáveis, da escola ou até mesmo de outro profissional de saúde, transformando a psicoterapia em um fórum para afirmação de sua competência baseada no parâmetro de eficiência fixado por eles.

Tal parâmetro, geralmente, está ligado ao desaparecimento dos sintomas em um tempo recorde e de forma que venha a satisfazer as necessidades dos adultos e não as da criança.

O trabalho de acompanhamento dos responsáveis é fundamental nesse sentido, pois é o espaço onde o psicoterapeuta pode identificar e trabalhar tais necessidades de forma que elas não atrapalhem a condução do processo terapêutico da criança.

Assim, diante da necessidade do espaço terapeutico mostrar-se como um ambiente permissivo, de modo que as crianças tenham a oportunidade de experimentar possibilidades que nao podem ou não costumam experimentar fora dali, que critérios utilizaremos de forma a estabelecer o que é permitido?

O que é permitido? A partir do que o psicoterapeuta estabelece limites no espaço terapeutico...?

 

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